sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Diálogo com 2013 e suas saudades... Pedido a 2014 e suas promessas.

Este ano está terminando e posso dizer com propriedade:
_ Dois mil e treze, você foi uma ano muito difícil pra mim. Perdi pessoas queridas que, por falecimento, mudanças de rota geral ou escolha própria, saíram de minha vida... Verdade que as que escolhem se afastar magoam a gente de uma forma diferente. Sei que vão pensar que estou me achando o centro do universo, mas em se tratando dos meus sentimentos e pensamentos, se eu não for o centro, quem é?
Sofro horrores com o que para os outros parece ser normal: afastamentos, mudanças, separações, brigas, rompimentos definitivos (sei que é uma imaturidade emocional minha). Meu coração não sabe gostar superficialmente das pessoas.
Sei até não gostar. Quando não gosto, não gosto e pronto, sem hostilidades, sem falsidades, só não deixo a pessoa fazer parte de mim. Mas quando eu gosto, abro as portas do coração e da alma, gosto de agradar, gosto de respeitar, gosto de conhecer o outro, de oferecer pérolas sempre que possível. Ano duro nesse quesito...
Choro e sinto uma dor física de saudade das pessoas.
O amigo que perdi por falecimento, esse foi um susto terrível, inesperado e doído, mas eu sei que por ele estaria aqui conosco, fazendo o que sempre fez de melhor; vivendo intensamente um dia de cada vez, amando a natureza com devoção e cuidando de todos ao seu redor com zelo especial. Não perdi um amigo perfeito que não tinha defeitos, não é isso.
Quem o conheceu, sabe que ele tinha defeitos. Mas tinha também a especial habilidade de nos fazer gostar deles. As pessoas gostavam dos seus defeitos tanto quanto de suas qualidades porque era um pacote único, coeso e que fazia muito bem “aderir” por completo.
Obrigada, Milan Hrouda por me ensinar que não devemos nos impor aos outros... A amizade, assim como o amor, ou existe ou não existe, nunca se impõe.
Dois mil e quatorze, por favor, seja bonzinho comigo? Seja um ano de confraternização e proximidade. Seja um ano de reconciliação e fortalecimento dos laços que realmente importam.
Ano novo querido, me poupa de chorar separações, desamor e despedidas... Tudo isso faz parte da vida, mas quando acontecem essas coisas envelheço séculos e eu já estou me sentindo muito velha porque 2013 me sugou as energias, a boa fé e muitas esperanças!
Agradeço a atenção de ambos, ano que se finda e ano vindouro. Agradeço ao tempo por curar todas as dores.


Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo
Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos







sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Tudo bem?


Tudo bem que tu queiras um carro melhor, mas esse que tu tens não te leva e traz dos lugares que necessitas ir ?
Tudo bem que tu queiras morar numa casa mais bonita e luxuosa, mas esta em que moras não tem te abrigado e aos teus filhos do frio, das chuvas e dos ventos ? Acaso não é nela onde fazes tuas refeições e rolas no chão a brincar alegremente com as crianças?
Tudo bem que poderias ter outra vida, qualquer outra. Mas esta que tu tens hoje é responsabilidade tua. E se tudo não está como queres, só as tuas próprias escolhas podem explicar ou mudar isso.
Então, tudo bem se tu fores feliz onde e como estás, até que consigas teus objetivos e sonhos?
Que achas?
Aí, quando atingires a “riqueza” ( seja lá o que for isso para cada um) já estarás acostumado a ser grato e a sorrir diante do pouco que te basta; mais ainda sorrirás diante da fartura que sobra, diante das possibilidades infinitas da vida e da graça de Deus que, em síntese, sempre te acompanhou (no muito e no pouco).


Fernanda Bega, em 13/09/2013

terça-feira, 16 de julho de 2013

Em 1974, ouvindo Music and Me


Algumas vezes tenho vontade de ser outra pessoa.
Acho que toda mulher pode entender essa sensação...
Vontade de ser mais bonita. Vontade de ser mais alta. Vontade de ser estilosa e cheia de atitude, sei lá coisas que admiro em outras mulheres e que sei que todos admiram.
Estilo é uma coisa que sempre achei o máximo, mas parece que é algo que ou se tem ou não se tem. Eu nunca vi ninguém adquirir um estilo de uma hora pra outra! Em compensação, tem crianças pequenas ainda com 6, 7 anos que já mostram seu jeito de ser ao escolher roupas e acessórios.
Sei lá por que, eu não tenho. Fui uma criança criada entre sete irmãos e não éramos miseráveis, mas roupa era luxo. A gente herdava do irmão/ irmã mais velho ou de uma prima distante. Nunca o tamanho era certo, nunca a cor era a que você gostava e a moda, hehe, a moda era de anos atrás, claro. Pra ajudar, eu era uma menina tímida e tranqüila, nunca me recordo de ter brigado para vestir uma roupa ao invés de outra; o que minha mãe escolhia estava muito bem. Mamãe era muito caprichosa, ela personalizava até meus uniformes escolares: as camisas brancas de botão sempre tinham rendinhas ao redor da gola e da carreira de botões. Nos meus aniversários, mamãe ia pra máquina de costura e fazia um vestido novo; aí sim eu escolhia tecido, cor, modelo, tudo. Era uma alegria.
Lembro bem do vestido dos 13 anos porque foi um aniversário especial, ela me deixou fazer um bailinho de garagem daqueles que tinha a vitrola, os discos e nada mais, nem precisava de comes e bebes, alguns mais sofisticados tinham a maravilhosa luz negra, mas o principal mesmo é que era uma festa sem adultos, só nossa.
O vestido desse ano, 1974 exatamente, era com estampa floral rosa, um tecido bem leve. Saia godê, curtinha e laços nas duas laterais da cintura. A blusa tinha decote em V, transpassado. Simples e lindo! Eu fiquei uma boneca, sem falsa modéstia. O bailinho foi a glória. Quando não tínhamos a música do momento, os amigos traziam seus “compactos” (pequenos discos de vinil com uma ou duas canções de cada lado, geralmente hits do momento).
O must da hora era Music and Me do Michael Jackson, que a gente ouvia (e chorava), ouvia e ouvia até furar como dizíamos.
Dançar Music and Me de rosto colado no dia do aniversário de 13 anos realmente não tem preço! Coisa que não se esquece. Momento que se recorda com cheiros, cores e sons!
O lado chato era que mamãe achava que tinha que fazer um vestido igual para minha irmãzinha, quatro anos mais nova... um bebê de 9 anos , na minha visão do alto dos 13 (risos). E foi o que fez : para Maria Imaculada um vestido igualzinho só que com flores azuis. No baile, ela entrava e saía, imitava a gente porque queria brincar e não entendia ainda a graça de uma festa sem bexigas, bolo e guaraná!
Depois deste vestido, lembro-me do dos 17 anos. Perfeito. Copiado em detalhes de uma revista de moda e mamãe se virou para fazer do jeitinho que eu queria. Era rosa, de crepe bem amassadinho, comprimento pouco abaixo do joelho, cintura alta marcada com cós de intertela por dentro, manga ¾ levemente bufante e tinha fitas de cetim espaçadas na saia que aumentavam de largura até a barra num tom de rosa acima. Os botõezinhos na blusa eram forrados com o mesmo tecido e fazia um estilo hippie chique. Adorei aquele vestido. Mesmo. Fazer 17 anos foi mágico, ganhei flores e uma gargantilha do meu pai. E dona Leny sempre fazendo milagre com o pouco que tinha, tirando da cartola nossa alegria, valeu mãe.
É isso. Vida é isso.
Circunstâncias, contexto, realidade familiar, tudo nos molda, nos encaminha, cria hábitos e até traumas. Mas , pensando bem, eu não queria ser outra pessoa não. Tudo bem, não foi fácil e cheio de recursos; não aprendi a me conhecer cedo, a saber do que eu gostava porque tinha que aprender a gostar do que tinha. No entanto, tenho essas lembranças riquíssimas. Quem tem milhares de vestidos à disposição como poderia se lembrar de dois assim como eu me lembro? E com tudo tão fácil, como é hoje, como valorizar o que se tem, o que se ganha?
Ser eu mesma tem seu preço, olho no espelho e desgosto de algumas coisas. Minha auto estima é sofrível, no mínimo. Eu sei entretanto que tive uma vida intensa, plena de boas lembranças que não se devem ao fato de ter, de possuir coisas materiais. Intensidade vinda do carinho, do zelo, do tempo e do amor de cada pessoa que cuidou de mim nesta caminhada. Sou grata por ser essa pessoa hoje.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

O POVO TÁ NA RUA NA CHUVA NA FAZENDA!

Já ouvi teorias de conspiração do pessoal de direita e outras do pessoal de esquerdas, vídeos secretos onde quem fala nem mostra a própria cara... Tudo nebuloso, tudo duvidoso. Até que a própria Dilma elaborou toda essa confusão para que a Copa fosse cancelada não pela falta de infra-estrutura do Brasil mas pela falta de segurança do país, repentinamente, aff.
Para mim, o que vi ontem no Rio, em Porto Alegre com chuva, em S. Paulo, em Brasília, enfim por todo esse país continental foi mesmo o povo na rua. Com infiltrações? Certamente.
Com bandidos? Certamente, eles vivem no meio de nós 365 dias do ano e sem polícia para nos proteger!
Mas a verdade é uma só: se o povo brasileiro não estivesse tão profundamente abandonado, desolado, desvalido e infeliz não iriam para a rua na proporção que foram. Não mesmo.
E estamos democraticamente infelizes. Até os ricos sentem-se traídos,
injustiçados, sem segurança para usufruir de suas fortunas, de seu conforto, de suas viagens... A classe média que se contentava em pagar com dificuldade a escola de seus filhos e um plano de saúde, como pode se contentar se a escola é cara e ruim e os planos de saúde excluem os hospitais de ponta, os médicos de ponta e distribuem narizes de palhaço para os seus bons pagantes?! Estamos muito infelizes com o descaso e a impunidade. Nós somos multados a cada esquina, levamos nosso carro pro Controlar que ninguém sabe a quem pertence, por que foi escolhido e pelo que pagamos. Sonhamos em comprar um imóvel popular e o IPTU é o único item alto padrão que você leva com seu imóvel. Vemos os pobres por todos os lados, morando nas ruas, pedindo esmolas nos faróis e temos medo de que entre eles, pobres apenas, estejam ladrões também. Claro, como estão ambos representados nas passeatas também. Criamos muros, grades, alarmes e somos tão pobres quanto eles porque não podemos sonhar além da escola e do plano de saúde, quando muito um carro popular, o mais caro do mundo!!

Governantes, se vocês estão assustados com o rumo dessa revolta, façam alguma coisa urgente! Governem pelo povo e para o povo. Justifiquem seus salários e seus mandatos, legalmente obtidos. Acordem vocês desse sonho de poder que os tornou insensíveis a ponto de não ver um palmo adiante de seus próprios narizes. Dilma, Alckmin, Haddad, governadores e prefeitos, vereadores, senadores e deputados, acordem com presteza e peçam desculpas à população com ações concretas porque aqui não tem Bastilha mas pode ter Queda!

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A democracia inclui o direito de discordar

Quando eu estava no primeiro ano da faculdade e isso foi em outra era, as Faculdades Integradas Alcântara Machado tinham a péssima prática de não enviar folha de prova para os alunos que estivessem em atraso com as mensalidades. Era uma faculdade paga e bem paga. Muitos de nós, alunos de escola pública, só estávamos ali porque entrar na USP era pros ricos que tinham cursado bons colégios. Claro que também tinham os alunos ricos, mas a maioria não tinha certeza se conseguiria pagar o curso todo ou o próximo mês.
O pessoal do Centro Acadêmico caía matando sobre essa prática que expunha o aluno em débito de forma humilhante. Propuseram, então, que todos nos negássemos a usar a folha de prova oficial e personalizada se não viessem provas para todos. No dia da prova, todos empurramos a folha personalizada e pegamos folhas de caderno comum e fizemos nossas provas. Era uma prova de Filosofia. A classe toda tirou zero de média nessa matéria.
Nós tínhamos 17, 18 anos. Muitas meninas, como eu, vinham de um colégio onde quase chamavam as professoras de “tia” ainda. Éramos crianças crescidas e ninguém teria condições pessoais de não participar da proposta do Centro Acadêmico, imagina diante do amigo devedor como ficaria sua imagem? Digo isso porque os jovens, muito jovens são assim. Cheios de energia, de coragem, de bons propósitos!
Este ato foi até uma coisa bem simpática e o motivo era bastante justo. O que eu questiono é aquela menina que eu fui e minhas colegas de sala tiveram a opção de não participar ou fomos coagidas como num piquete?
Hoje, eu diria escolha as suas causas e lute por elas. Causas justas, coletivas, mas não se deixem comandar como um bom rebanho porque rebanho não pensa.
Ah, em tempo, a faculdade não mudou a prática de humilhar o aluno devedor. Meu zero justamente em Filosofia foi emblemático e único em todo meu currículo.
Sou totalmente pacifista. Adepta da não-violência... Não quero jogar pedra, nem receber pedrada. Claro que o argumento geral é de que não se muda nada pacificamente.
Não foi isso que o Gandhi ensinou ao mundo, né?
Apesar de não estar nas ruas, rezo por todos que sabem exatamente pelo que estão protestando e que vão pro protesto com suas próprias pernas e pensamentos. Verdade é que o ser humano, em toda sua história, foi manobrado muitas vezes. Muitas mesmo.

sábado, 25 de maio de 2013

Uma pausa na história da TopSys... e um pouco de poesia : DE COR




Estou ansiosa por poesia hoje
Ela torna leve o dia, a dor e a tristeza
O meu medo encolhe ou foge
Meu olhar viaja
O pensamento voa
O coração entoa
De cor as rimas
Rima rica, rima pobre
Pra mim ambas tem beleza:
Sou pequenininha do tamanho de um botão
Contemplo o lago mudo que a brisa estremece
Levo o papai no bolso e a mamãe no coração
Não sei se penso em tudo ou se tudo me esquece.







Fernanda Bega
(Agradecimentos a participação de mamãe pela trovinha da infância e a Fernando Pessoa pela riqueza da rima)

quinta-feira, 9 de maio de 2013

A HISTORIA DA TOPSYS - Capítulos 4 e 5.


CAPÍTULO 4: A PRIMEIRA SEDE

Quando a sede se tornou uma necessidade para o bom andamento dos negócios, eu já era, informalmente, a secretária porque atendia a todos os telefonemas, filtrava os mais importantes, anotava os recados e agendava algumas visitas para a semana, etc.
Não posso deixar de dizer que foi quase um ultimato meu que nos levou a sair em busca de um escritório, pois minha casa estava um caos: antes de deitar tinha que tirar da cama placas de rede, modens, hds, cabos e parafusos e meus filhos já não podiam brincar em nenhum canto da casa porque tudo era do trabalho.
Neste momento, o sócio preferiu continuar sozinho e nós partimos para formalização da empresa.
Encontramos o nosso endereço na primeira vez que saímos para rodar imobiliárias, foi olhar o imóvel e decidir. Seria ali o nosso escritório do jeito que imaginamos com móveis azuis e sob os ares do Tremembé.
Alugamos inicialmente uma única sala que com uma divisória servia de recepção e laboratório, com uma pequena bancada de uns três metros de parede a parede; pontos de rede e internet para os testes e a montagem e instalação das máquinas.
Já era o ano de 2002 e meu filho mais velho estava terminando o segundo grau e um curso técnico em telecomunicações, que exigia o cumprimento de estágio. Logo, ele e o melhor amigo, Ricardo, vieram estagiar na nossa bancada técnica. Em seguida, foi a vez da namorada do meu filho que fazia o mesmo curso. Começava a se desenhar o outro departamento da TOPSYS.




CAPITULO 5 : O APRENDIZADO DOS PRIMEIROS TÉCNICOS

Meu filho, Rafael, estudava pela manhã e, à tarde, cumpria suas horas de estágio, fase onde aprendeu a montar um micro, formatar, instalar o sistema operacional, reconhecer defeitos, detectar presença de vírus no sistema, fazer redes completas desde o cabeamento até a configuração da rede propriamente dita.


Ter conseguido proporcionar o estágio para todos eles foi, sem dúvida, uma das melhores coisas que a empresa nos trouxe!
Também meu filho caçula, nessa época, ainda no ensino fundamental, voltava da escola e parava na TopSys para almoçar e fazer as tarefas e trabalhos escolares até porque em casa não ficava ninguém. Dessa forma, não demorou muito pra que ele também estivesse envolvido nos pequenos serviços e se interessasse por aprender a montar um micro, instalar o sistema, etc.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

A HISTÓRIA DA TOPSYS




CAPÍTULO 2: O PESO DA ESPOSA

Para prosseguir esta narrativa, abandono a terceira pessoa e passo a me incluir nesta história: sou a esposa-mãe-sócia e, para o mal ou para o bem, grande palpiteira em todas as fases dessa história. Para falar a verdade, por muitos anos, impedi que meu marido se aventurasse em negócios próprios com os quais ele sempre sonhou... Reconheço este meu lado covarde e influenciador, mas ele sempre teve ótimos empregos e era mais cômodo que ficássemos assim. Afinal, tínhamos rotina, salário, férias, plano de saúde e que tais...
Mas, exatamente, desta vez eu não fui contra nada porque sabia que realmente havia chegado uma hora limite para começarmos qualquer coisa; na idade em que estávamos ou era isso ou procurar interminavelmente por outra colocação que não nos daria mais o mesmo padrão de vida.
E eu, que até esta idade nunca tinha trabalhado fora, nem poderia entrar no mercado de trabalho para ajudar meu marido num momento difícil. Fizeram-se assim as conjunções todas necessárias para que a idéia de ter uma empresa não mais me assustasse e sim me trouxesse conforto e esperança.





Devo dizer que sempre acreditei no talento e determinação do meu marido para fazer acontecer, mesmo antes quando não topava os projetos. Ele tem características indispensáveis para um empreendedor e, por acréscimo, ainda passou essas características para os filhos.





CAPÍTULO 3 : PRIMEIROS PROBLEMAS

Como o nosso capital era bastante reduzido, bastava que vendêssemos três equipamentos e financiar algum para não conseguirmos mais comprar as peças de um quarto micro. Foi aí que o Edu pensou num sócio, alguém que entrasse com algum dinheiro e alguma coragem também porque nem sempre se ganha: precisávamos dar garantia aos clientes e muitas vezes garantia estendida que saía de nosso bolso porque quem nos fornecia, no início, nos dava pouquíssima garantia e o cliente precisa confiar em quem o está atendendo, certo? Pelo menos, foi assim que nasceu a principal característica de nossa empresa: a de ser indicada para 3 ou 4 pessoas por cada cliente atendido; bem atendido, é claro.
O primeiro sócio foi outro cunhado – Marco Antonio Furquim, não o que foi cobaia na historia da primeira montagem de micro. Tantos bons cunhados também são mérito meu afinal...
E, por 4 anos, eles dois trabalharam juntos fazendo vendas, laboratórios, instalando redes e trocando conhecimentos que daria para encher uma biblioteca. Nesta fase, a empresa foi aberta formalmente, com CNPJ e tudo o mais.
Mas ainda era preciso uma sede já que os dois trabalhavam em casa.

terça-feira, 7 de maio de 2013

A HISTÓRIA DA TOPSYS

CAPITULO 1 : A IDÉIA

Para falar sobre como começou a TopSys tenho que ir um pouquinho mais para trás no tempo e falar do seu criador e do porque ele um dia teve a idéia de ser empresário.
Então, era uma vez uma típica família classe-quase-média-brasileira que insistia em viver bem, almoçar e jantar diariamente e dar estudo aos seus dois filhos. Esta família era constituída por uma mãe que insistia em cuidar unicamente dos filhos e de sua educação e da casa e por um pai, que por sua vez (sem escolha) insistia em prover tudo e todos!
Mas, apesar da teimosia, era uma família feliz e, heroicamente, sobrevivente... Um dia, depois de dedicar quatro anos de sua vida profissional a uma empresa e de ver seu trabalho coroado com êxitos, o pai foi sumariamente demitido; coisas de Brasil e planos presidenciais mirabolantes.
Nesta ocasião, ele já estava próximo da casa dos quarenta e pressentiu que candidatar-se a novos empregos seria uma árdua tarefa, que culminaria em próxima desilusão cedo ou tarde.
Vale dizer que até este momento, a informática sempre fora exclusivamente um hobby para este homem, cuja formação profissional era de projetista mecânico com larga experiência em gerenciamento de fábricas, funcionários e implantação de sistemas de qualidade. Mas, podemos falar disso em outro capítulo. Então, desempregado e com uma pequena indenização trabalhista em mãos, ele sabia que tinha que correr atrás do prejuízo porque as contas geralmente não param de existir porque você simplesmente parou de ter uma renda mensal, não é mesmo?
Eduardo, seu nome. O ano era 1998 e os filhos tinham, respectivamente, 14 e 11 anos...
Muitas providências e decisões, muitas noites olhando e contando os lambris do forro do quarto para tentar pegar no sono; mãe e pai preocupados.
Primeira decisão: não tirar os filhos da escola paga. Como? Bom,idéia na cabeça, o pai foi até a escola em questão pedir para pagar as mensalidades do ano todo dos dois meninos de uma só vez, com o dinheiro da rescisão para ficar tranqüilo e tirar isso da frente... Imaginem a cara do diretor da escola!?




O homem disse que nunca tinha tido tal proposta e que não sabia se era possível ou até se teria um desconto para esse tipo de pagamento. Argumentou, argumentou e não aceitou. Ainda assim, os meninos permaneceram na escola paga e a urgência de uma idéia brilhante tornou-se cada vez maior.
E, nada como ter a necessidade de conselheira: eis que ele pensou em algo. Vou vender computadores. Em princípio, era isso, vendas.
Os dois primeiros equipamentos vendidos foram para amigos da antiga empresa e já foram comprados montados. Logo, o Eduardo viu que se ele mesmo soubesse montar o microcomputador seria melhor para o negócio e para isso a cobaia foi, como podem prever as mentes mais sagazes, um cunhado. O primeiro micro que o Eduardo montou foi para um cunhado com a ajuda de alguns manuais e este foi também o terceiro micro vendido pela empresa que nascia sem que a família nem se desse conta.
Estavam, enfim, sobrevivendo e investindo o pouco dinheiro da poupança.
Fim de um começo, parto para o segundo capítulo.


domingo, 5 de maio de 2013

Sobre crianças e bichinhos.

As crianças e os animais tem muito mais a nos dar do que nós a eles. Eles nos amam mais, nos ensinam mais e nos dão doses diárias de energia, carinho sincero e alegria legítima!
Nosso amor adulto quase sempre vem cheio de cobranças, nossos ensinamentos carregados de medos das nossas próprias experiências negativas... Olhe vagarosamente para as crianças, receba com gratidão esta presença em suas vidas, ouça o que dizem e aprenda. Valorize os sentimentos dos pequeninos, seus problemas e sua curiosidade sobre o mundo... Assista seus desenhos, sente no chão e brinque com eles.
Depois de um dia com meus netos, eu realmente fico cansada (cansaço real), mas fico renovada também, dou boas gargalhadas, vejo graça em coisas bobas e rejuvenesço anos! Bichinhos e crianças fazem isso por nós: nos dão motivos para rir e alegria verdadeira. Caso você não tenha nem uns nem outros em sua vida, está perdendo tempo, perdendo alegria, perdendo motivação.
Obrigada meu Deus porque sempre fui cercada pelas crianças, muitos irmãos e primos; inaugurei minha profissão de tia aos 13 e já tinha muitos sobrinhos aos 22 quando me tornei mãe... Antes mesmo de me deprimir porque meus filhos estavam grandes, vieram sobrinhos -netos e os netos. Cansada, ocupada, útil e feliz é assim que gosto de me sentir.

domingo, 14 de abril de 2013

Todo mundo quer uma família perfeita, mas a gente é da mesma famigerada raça humana que é antes de tudo, HUMANA. O que isso quer dizer? O que a humanidade nos traz , além desses desejos genéricos que poucos conseguimos obter? A humanidade é um complexo emaranhado de qualidades e defeitos que brigam entre si dentro de nós. Quantas vezes nos batemos por anos contra um defeito de nossa personalidade e num dado momento extremo, esse defeito nos vale de qualidade, exemplo uma pessoa teimosa que não desiste de uma idéia pode ser vital numa situação de desesperança, acidentes ou crises.
Pessoas inocentes e crédulas demais podem agarrar com unhas e dentes uma oportunidade que o cético experiente logo de cara descarta como “esmola demais”. Aquele irmão ou primo pessimista pode te alertar sobre uma péssima jogada que você está muito inclinado a realizar. Gente, eu acredito sinceramente que os nossos defeitos existem porque tem que existir e não deve ser por causa deles que seremos amados, é claro. Seremos amados por qualidades que temos naturalmente e que até nos definem, mas muito mais por sabermos compreender e aceitar os defeitos de todas as outras pessoas que nos rodeiam e que nos são caras.
Não percam tempo desejando uma família perfeita; brigue quando tiver que brigar. Coloque-se, imponha-se, delimite seus espaços. Porém aceite que você pode não estar certo em todas as vezes e mesmo que esteja, estar certo não é sinônimo de ser feliz. Não mesmo. Ame a “humanidade” dos humanos porque do contrário não será capaz de amar-se. E aproveite para defender a sua família do jeito que ela é, cheia de conflitos e chatices, de ciúmes e fofoquinhas... a família da propaganda de margarina que fique lá no ideário dos outros, na televisão, no sonho de 30 segundos.

sexta-feira, 8 de março de 2013

“Vovó Sebastiana ou Dona Bati”

( dedicado à minha mãe, uma grande contadora de histórias, que me fez conhecer e amar uma mulher que o tempo não me permitiu conhecer...)

É importante dizer que não a conheci; ela morreu em 1955 e eu nasci em 61, por isso não pretendo ser sua biógrafa, nem poderia pois sua passagem por este mundo foi tímida, silenciosa e pobre.
Aprendi a gostar dela através da minha mãe e assim recebi todas as informações que tenho. Penso que mamãe não deixava passar um só dia sem citar minha avó – tantos ditos populares e conhecimentos caseiros!
Sobre sua infância, nada... Deve ter sido inocentemente divertida como a de meus pais.
Quando da gripe espanhola, em 1918, escapou com vida entre tantos mortos. Com sua frágil estrutura física, driblou a lógica da morte e sobreviveu para contar sua história; restou-lhe como seqüela uma asma violenta que a acompanharia até o fim de seus dias.
Pobre, criada na roça, miúda e agora doente foi assim que se tornou mulher, naqueles anos tão difíceis. Casou-se tardiamente, aos 28 anos, com meu avô pouco mais jovem. Não sei se o escolheu ou se, como era costume, apenas foi escolhida, mas sei que não objetou. Tão poucas condições tinham que, apesar das convenções, casaram-se só no civil e, muitos anos depois, no religioso. Nessa ocasião, mamãe já era nascida e tem boa recordação da singela cerimônia: uma carroça enfeitada de flores levou noivos e filhos à igreja.
Vovó não teve chances de ser vaidosa como toda mulher, mas por um detalhe sei que o era: morreu pedindo ao meu avô que lhe mandasse fazer a dentadura e, talvez por isso, raramente sorrisse ou porque não tinha mesmos muitos motivos...
Curiosamente, ela teve esmerada educação ainda que só primária: escrevia cartas com boa letra, corrigia constantemente a pronúncia dos filhos e conhecia palavras em francês! Contava com orgulho o sacrifício que fez para freqüentar uma escola: o pai as atravessava no barco um rio e, como só pudesse buscá-las no fim do dia; esperavam, ela e as irmãs, horas sentadinhas no degrau da casa de uma senhora que ofereceu essa caridade!
A medicina pouco oferecia na época para atenuar-lhe as crises de asma e o sofrimento desenhou-lhe uma fisionomia diferente; foi ficando corcunda, mas mamãe nunca a descreveu feia e sim triste, resignadamente triste.
Apesar da saúde precária teve nove filhos, todos sem sair de casa, sem visitar uma única vez ao médico: quando estava grávida dizia-se com “um pé na cova”, mas com naturalidade. Também com naturalidade entendia a morte de seus bebês com “mal de sete dias”; dos nove apenas quatro vingaram. O sofrimento não era novidade e ela não era a única a perder alguns dos muitos filhos que esperava... Era assim e pronto.
Meu avô, doce velhinho que conheci, era autoritário e nunca deve tê-la olhado com vagar e atenção; muito menos escutado qualquer de suas observações ditas com voz quase sussurrada ( conforme conta minha mãe).
Com certeza teve medo dele durante toda a vida, mas instintivamente sabia ser corajosa quando se tratava de encobrir as travessuras dos filhos. Sabia que, “talvez” certamente, não fosse a única mulher daquele homem a quem obedecia, mas nunca reclamou e criou como filha uma criança que ele trouxe um dia para sua casa... Não os julgo. Tiveram muitos pudores; não explicaram nada da vida aos filhos, mas também ninguém explicou a eles... Talvez até tenham sido felizes, vez ou outra.
Vovó será sempre uma figura inesquecível no coração da minha mãe e dos meus tios. Era tão frágil e tão forte. Foi como uma árvore estreitinha, arcando-se de lá para cá com os ventos fortes sem quebrar, mas não deixou de dar frutos, proporcionar sombras e derrubar folhas no pequeno mundo em que viveu plantada.
Agradeço por sua existência e por minha mãe mantê-la tão viva para nós; hoje sei que sou somatória de todas essas mulheres que me antecederam e de sua história... Ela nunca gostou do nome que lhe deram e também por isso sei que tinha suas vaidades e desejos; gostaria de adivinhar o nome que queria ter tido, um segredo tão feminino, não é mesmo, vovó?

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

MEU CÉU


Para vocês, existe um paraíso, um céu?
Para mim, o céu que se imagina, cheio de felicidades e prêmios pela vida que levarmos na Terra deve ser diferente para cada pessoa, já que a idealização de felicidade não é igual para todos.
No meu paraíso, eu serei criança, a caçula em casa cheia.
Brincarei o dia inteiro exercitando minha criatividade, rindo muito, com a certeza de um banho quente, comida feita com amor e cantigas para me ninar na hora do cansaço. Claro, lá eu terei mãe e pai, proteção integral e nenhuma idéia de morte ou doença. Outra coisa, as pessoas acreditarão no que eu disser porque ninguém desconfia de criança; acreditarão nas minhas atitudes e eu nelas. Perfeição.
Quando a noite chegar, eu vou rezar de mãos dadas com a minha mãe e pedir proteção a todos, os do céu e os da Terra e, porque rezei, vou dormir crente de que estarão seguros.
Assim será meu céu se eu o merecer.

Fernanda Bega.