terça-feira, 19 de julho de 2011

Minhas idéias de cara limpa e sem hipocrisia

por Fernanda Bega, terça, 19 de julho de 2011 às 11:51

Há uns bons pares de décadas, a gente assistia propagandas maravilhosas de cigarros o dia todo nas televisões. Eram as mais bonitas, premiadas e caras. E todo mundo fumava com o aval dos comerciais "indo ao sucesso" com a fumaça. Nos anos em que fui adolescente, os rapazes começavam a fumar antes de ter bigodes e as meninas fumavam também para serem populares. Nos filmes de Hollywood, todos os belos e belas fumavam em telonas gigantes!

Em 1979, no meu primeiro ano de faculdade, a sala de aula tinha 104 alunos no início do ano e uns 80% fumavam inclusisve os professores; era irrespirável.

De repente, surgiu um movimento contrário que veio de outros países e chegou ao Brasil. Proibiu-se a propaganda de cigarros totalmente e essa briga parecia impossível de ser encarada por quem quer que fosse, mas aconteceu. E , sem a propaganda ou outdoors que fossem, o cigarro foi perdendo o glamour e a categoria de nos "elevar" ao sucesso como homens e mulheres... Tornou-se quase um banido socialmente; incrível para quem viveu os anos 70.

Por isso, me pergunto: onde está o cara de peito que vai proibir as propagandas de bebidas alcoolicas??

As glamurosas propagandas de "loiras geladas" que nos fazem crer que nada na vida tem graça sem cerveja? Que nada na vida pode ser emocionante sem alcool, que não existe churrasco, futebol ou samba; carnaval, amor ou alegria sem embriaguez? E de tão massacrantes e contínuas nos faz a todos esmorecer diante da vontade de testemunhar: eu me emociono e me divirto muito sóbria. Faço churrasco sem cerveja e pulo carnaval sem pinga...ai de mim, que já fui a "careta" que não fumava, hoje sou a tiazona que não bebe.

Por que essa hipocrisia da lei seca no trânsito se o tempo todo se propaga o alcoolismo como a panacéia da atualidade?! Cadê o "cara" que vai agir na raiz desse problema social que está matando toda uma juventude e deixando impune gente que pensa que bebe socialmente e depois dirige a 150KM/h com a cara cheia? Faltam homens de coragem neste país; políticos de visão que consigam enxergar além do lucro da indústria do álcool, os prejuízos da matança da inteligência, da lucidez, da vivacidade e das habilidades de nossos jovens.

Eu ainda vou viver pra ver isso também como vi o banimento do cigarro? Acho que sim porque sou uma "believer", segundo minha sobrinha Taís.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Ser feliz dá trabalho

Vejo as pessoas perdendo todas as oportunidades de felicidade que a vida lhes dá por medo. Medo de se envolver, de se comprometer... de ser “eternamente responsável por aquilo que cativam” como dizia o pequeno príncipe.
Vivemos uma cultura das futilidades e as pessoas gastam muito tempo sendo fúteis e a vida se esvaindo por entre seus dedos. Encontro jovens de 20 e poucos anos mais acabados do que eu nos meus 50, com olheiras, rugas e marcas profundas da tristeza que vivem. Idolatram a diversão, que eu chamo de distração... vivem distraídos da vida, do que realmente importa nesta vida. Chamam de amigos a qualquer um que passe mais de 20 minutos com eles se divertindo. Tem muito mais gente conversando com a bola de futebol chamada Wilson (como diz o Eduardo) do que pode imaginar a nossa mente. Mas isso é falta de “compromisso” porque ser amigo de verdade dá trabalho... Ser amada-amante companheira também dá trabalho. Eu sinto muito informar mas acho importante dizer que ser feliz dá muito trabalho, muito mesmo.
As pessoas estão com medo até de ter animais de estimação. De cultivar plantinhas, até um cactus precisa ser aguado uma vez por mês.
Eu tenho marcas de expressão, tenho olheiras, dores no corpo mas quando me divirto é real, ouço boa música, canto alto, danço com meus netos... escrevo e leio poesias, conto piadas, como sem restrições, tenho altos papos com meus filhos, adoro sair com meu marido ou ficar em casa com ele. Não compro tudo que quero ou vejo mas quando escolho um presente, penso na pessoa que vai recebê-lo, penso na embalagem, na cor do papel, nas palavras do cartão... minha energia vai impressa em cada gesto até o estender a mão para presentear; dá trabalho ser amigo, ser amor.
Disseram tanto para as mulheres serem iguais aos homens e aos homens para tratarem as mulheres como iguais que hoje proliferam homens e mulheres que não são capazes de viver sozinhos muito menos juntos... Não têm, ambos, a menor idéia do que é cuidar de uma casa e cuidarem-se, mutuamente.
A velha fórmula homem provedor x mulher dona de casa gerou muitos erros, é verdade. Mas se ser igual ao homem é imitá-lo em tudo o que eles tinham de pior, as mulheres conseguiram isso: elas bebem em público, pagam mico embriagadas, falam palavrões, relacionam-se superficialmente e sem afeto e fingem que pagam as contas de suas vidas sozinhas... Na hora que ambos, homem e mulher, voltam pra casa aí o bicho pega...
Quem está nos bastidores da sua vida? Quem faz a infra pra você viver na proclamada independência? Pai, mãe, empregada, tia velha? Não importa, todos precisamos uns dos outros, de apoio, de ajuda, de dividir as contas, as tarefas, de somar esforços e de multiplicar as alegrias. Nestes tempos de politicamente corretos, sei que esse texto é totalmente incorreto... dirão que nada tenho a ver com a vida alheia e com juízos de valores que são pessoais e intransferíveis. Concordo. Mas, ao contrário do que parece ser, esta reflexão não é de antipatia ou inconformismo com os novos tempos, não. É apenas a constatação de que a infelicidade é irmã do egoísmo, da preguiça, da futilidade e do culto à diversão ...e eu vejo a infelicidade de muitas pessoas por trás dos risos e das sacolas de compras sem fim. Quem dera eu tivesse o poder de incutir alegria nessas vidas. Mostrar o quanto é gratificante o envolvimento, o afeto verdadeiro, o servir ao outro , ainda que seja nos bastidores da vida, na chamada área de serviço. É a melhor das sensações ser realmente útil ,sentir-se indispensável sem a prepotência de acreditar nisso... Não é a gratidão dos outros que vai te fazer feliz ... é o bem em si que vai te preencher com enorme alegria.