domingo, 30 de dezembro de 2012

CASAR OU COMPRAR UMA BICICLETA?



Meu sobrinho Daniel Uemura diz que o papa é contra o segundo casamento porque nunca se casou, se tivesse casado seria contra o primeiro... Piadas à parte, o casamento não é nada fácil mesmo.
Já ouviram falar dos doze trabalhos e Hércules? Pois é, casar é mais ou menos isso só que doze é só o começo.
A má fama do casamento atualmente seria bem menor se pessoas sem nenhuma aptidão para a coisa não inventassem de investir nela. É preciso vocação, gente.
Não basta se apaixonar, não. Está apaixonado? Vai namorar, ficar que isso é que nem gripe, passa.
Antes de trocar alianças e sobrenomes, as pessoas se casam no olhar, nas idéias, nos gestos, na vontade de estar juntos, na impossibilidade de dizer tchau no fim do dia. Esses são sinais de que existe uma vocação.
Quando eu namorava, minha mãe tentou estipular dias da semana para que eu e o Edu nos encontrássemos. Não deu certo. A gente se via na terça, na quinta e no sábado como ela queria e dávamos um jeito de nos encontrarmos escondido na segunda, na quarta , sexta e domingo. Mamãe desistiu do bom propósito. Muitas vezes quando nos chamava para comer, dizia “amor não alimenta, não”. Nós dois demos trabalho pra ela, coitada.
Nunca queríamos nos separar; ir embora no fim de um dia era um tormento. Quando nossas atividades começaram a tomar demais nosso tempo, fazíamos coisas idiotas para estarmos juntos, às vezes, por dez minutos ou nem isso. Quando o Eduardo era motoqueiro, aos 18 anos, trabalhava e fazia cursinho pré- vestibular a noite. Ele passava na porta de casa depois do cursinho, tipo 23:30h e buzinava a moto e eu ficava acordada, todo santo dia esperando, na janela, apesar da minha mãe não deixar que eu saísse nem no portão a essa hora! Eu olhava pelo vidro, acendia a luz, jogava um beijo e então ia dormir feliz. E não tínhamos celular nesta época para ligações intermináveis ou mensagens...
Nós nos encontrávamos na estação do metrô entre um compromisso e outro e os minutos eram preciosos; palavras de incentivo, de carinho, troca de idéias, conselhos, decisões sempre conjuntas desde o comecinho. Quando resolvemos que ficaríamos noivos foi tão maravilhoso, mas logo veio um balde de água fria. O Eduardo comprou as alianças porque estava num bom emprego e podíamos vislumbrar algumas possibilidades; no entanto ele entrou na FATEC e descobriu que lá teria aulas aos sábados e como trabalhava aos sábados também tivemos que escolher entre o emprego e a faculdade. Escolhemos a faculdade, ele pediu demissão e escondemos as alianças na caixinha por mais um longo ano; sonho adiado de comum acordo que apenas nos uniu mais, apesar da tristeza momentânea. Essa escolha seria só dele mas ele já não pensava assim, não pensava “eu”, pensava “nós”.
Eu diria que algumas pessoas não nasceram mesmo para isso, sem problema algum, nem são melhores ou piores que as outras por isso. Poderiam apenas não se casar.
Imagino que pessoas que não conseguem usar os pronomes “nosso, nossos” devam ficar alertas (e os seus parceiros mais ainda). No casamento, tudo é nosso. Nossa casa, nossas dívidas, nossos problemas, nossos filhos, nossas férias! Boas ou ruins, as coisas pertencem aos dois.
Na própria cerimônia religiosa de casamentos, os padres/ pastores ou outro celebrante fazem perguntas bem contundentes e pedem promessas complicadas, se a vontade é de responder: mais ou menos ou talvez; desista aí porque a coisa é bem mais séria que isso. Ali, no altar, são só palavras. Na vida serão atos, gestos, concessões. Espera. Esperar que o amor fale mais alto nos momentos em que o entendimento dos dois apontar para lados opostos. Esperar a hora certa para falar, mas não desistir de dialogar. E assim viver a vida a dois, dois em um; ser um indivíduo que faz parte de um casal é quase um ecossistema em delicado equilíbrio baseado em confiança, respeito, amor, fidelidade, admiração e amizade.
Acho que por isso a benção de Deus seja bem vinda às uniões porque creditar tamanha riqueza unicamente em nossa humana capacidade de gerir as coisas é temerário... Bom mesmo é poder crer que Deus olha para os casais que abençoou e coloca suas mãos sobre as crises que com certeza virão.














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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Desembrulhe o Menino Jesus e sorria!

Amigos:

Todo ano quando vai chegando o natal, eu penso "nossa, já acabou o ano", "que desânimo para essa coisa de festas, que trabalheira, que mesmice"... Então, o mês de dezembro vai passando, as propagandas aparecem na TV e nas rádios; as vitrines se enchem de bolas e as casas de luzes e eu penso " que trânsito infernal tem em dezembro, como paulistano adora shoppings e filas"!
Mas, a verdade é que hoje, dia 13 de dezembro, eu já estou bem menos rabujenta e propensa a olhar vitrines e fazer pacotes lindos. O espírito do natal vai me pegando sempre de mansinho e, todo ano, acho que nem estou ligando... quando pego a cestinha do meu menino-Jesus e desembrulho do papel de seda para colocá-lo na estante da sala, aí o natal me pega e "me desembrulha" das minhas rabujices: penso em todos os bercinhos de bebês no mundo inteiro e na esperança que foi o nascimento de JESUS para a humanidade! Sorrio com os meus botões, pois eu nunca duvidei de que existe mesmo um espírito, um anjo que nos sopra e nos arrebata, ainda que aos poucos, nessa época do ano. E, então, eu resolvi dividir com vocês este meu segredo, que pode até não acontecer só comigo... E desejar que chegue, também para cada um o dia de "desembrulhar" o menino na manjedoura e ver nos olhos de tinta D'Ele a verdade do amor de Deus por suas criaturas porque neste momento, você pode até disfarçar e sorrir baixinho ou gritar bem alto: NÃO É QUE EU ADOROOOO O NATAL!!!?
Boas festas com amor,


Fernanda Bega.


segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

MARIA



Maria é um nome comum
No mundo inteiro são tantas
Em cada língua, algo as diferencia
São mulheres, não são santas,
porém cada uma é Maria.

Dizem que seus pais são religiosos,
que lhes falta imaginação,
que são simples ou são pobres
o certo é que em todos os povos
centenas de milhares elas são

Tenho uma irmã que é Maria
e reclama com propriedade...
Quisera chamar-se Vanessa, Karina ou Gabriela
Raquel, Luana ou Sofia, mas é somente Maria...
Não reclama com maldade!

Seu segundo nome não ajuda,
pois carece explicação.
Podia ser Rita, Rosa ou Tereza, mas é Imaculada,
que de Maria I. ficou o sonoro Mi: solução com sutileza.

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Prá explicar Imaculada, só criando outra estrofe:
sem mácula, pura, inocente...
Assim diz o Aurélio e já que quebrei a métrica,
nem vou procurar a rima!
Fica a questão encerrada
prá rimar com Imaculada.

Porém, contudo, entretanto,
em tempos de fim de milênio
no qual as pessoas têm fome
e fé em pedras,cartas e amuletos,
Por que não acreditar num nome?

Eu,com certeza, acredito: ela tem algo a seu favor
Se existir “aquele dia”, o dia do nosso Juízo,
na chamada pelo nome; quando Maria for dito,
vai trazer linda lembrança,
vai provocar um sorriso
no rosto de Nosso Senhor!

Fernanda Bega.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Imaturidade de gente madura

Existem tantas coisas sobre as quais eu falo hoje e não são apenas teorias. São vivências. A tão propalada experiência de vida.
Aos 5.1 e sem sentir essa idade mesmo, posso dizer que já vivi bastante: decepções, amores, dificuldades escolares, escolha de profissão, vestibular, casamento, dificuldades financeiras, inseguranças, medos, tristezas e alegrias, filhos, doenças. Superações e conquistas também. Dá uma grande vontade de sair aconselhando as pessoas, dizendo faça assim, não faça dessa forma. Mas é apenas ilusão porque cada um tem que viver o seu pedaço. Cada qual com a sua cruz e as suas alegrias tem muito mais valor. Ninguém repete a vida de ninguém por isso viver é tão prodigioso. Só queria dizer aos mais jovens que nos perdoem quando tentamos dar receitas. Quando nos arvoramos como doutores do bem viver... é só excesso de amor e uma louca tentativa de poupar decepções aos que amamos.
Imaturidade de gente madura porque maturidade mesmo é saber ficar na coxia aplaudindo e apoiando os sucessos ou oferecendo o ombro para os fracassos. Contem comigo, crianças.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

ORAÇÃO PELO RETORNO À SAUDE (CURA)


Senhor, cuida de mim.
Perdoa se às vezes me descuido desse corpo incrível que me deste como morada. Não é falta de amor ou gratidão, não. São as dificuldades e a roda da vida que nos envolve em outros afazeres menos importantes do que o de zelar amorosamente por este corpo sagrado, pois que sem ele, esta vida tal como conhecemos, é inviável!
Agradeço por habitar essas fronteiras com meu espírito, consciência, memórias e tudo que entendo como o meu ser, eu.
Agradeço pela perfeição e beleza do meu corpo; a beleza da perfeição e das possibilidades. Não a beleza dos padrões humanos.
Agradeço por poder caminhar, ver, ouvir, falar, pensar, tocar, amar e ser. Agradeço, Senhor, pelo meu organismo incrivelmente sincronizado e maravilhosamente criado por suas mãos... por pulmões, coração, olhos, estômago e toda a grandiosidade da sua obra em mim.
Quando sinto minha saúde um pouco abalada, sei que é por minha ação ou omissão. Sei que me criaste para a saúde plena que condiz com a vida em plenitude que planejastes para toda a humanidade.
Senhor, peço sua intercessão para que cada célula do meu corpo reencontre seu equilíbrio, seu lugar e sua função e para que a minha desinteligência não agrida ou modidifique esse estado de coisas. Que o movimento de retorno à saúde plena, que todos os corpos realizam em prol de si mesmos continuamente não seja interrompido pela nossa atitude negligente e postura estressada diante de pequenos desafios da vida.
Senhor, eu vos amo de todo meu coração e de toda minh’alma e de novo agradeço pelo dom da vida. Não descuidarei do meu corpo jamais porque este é meu gesto de amor ao Deus que habita nele.
Dai-me sabedoria para entender os sinais deste corpo e buscar auxílio nas ciências, nos doutores ou em terapias que Sua Luz me indicar como apropriadas. Assim quero viver e morrer porque é certo que morreremos. Viver com saúde e possibilidades e morrer conforme o Senhor achar que é e meu merecimento no tempo em que tiver uma vida bem vivida para Te entregar de presente. Amém!


Fernanda Bega

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

SEU FILHO PRECISA SUBIR AO PÓDIUM?


A gente fala tanto em inclusão, em ter um olhar respeitoso e carinhoso com as diferenças, mas a maioria dos pais, hoje, cria os filhos dando ênfase apenas para a competitividade. Dizem para as crianças que elas tem que ser magras, perfeitas, inteligentes e vencer sempre! Elas precisam ser as melhores nos estudos, nos esportes, nas artes... aprender idiomas, tocar instrumentos musicais, correr, nadar, dançar. E as preferências pessoais e os dons de cada um? Ah, isso fica pra depois; o que importa é ser o número um, o melhor, o invencível!
Como criar um ser humano generoso dentro dessa ótica?
Como fazê-lo compreender que as pessoas especiais são iguais e que ele não é melhor que ninguém, se você mãe/ pai, diz o tempo todo o contrário? E mais que isso, que existe felicidade na diferença. Uma pessoa pode ser feliz sem passar em todas as provas e processos seletivos da atualidade. Existe felicidade sem medalhas de ouro. Ou mesmo de prata. A felicidade é ser amado e aceito do jeito que se é; a felicidade está em ser livre e poder estudar aquilo que deseja, trabalhar no que gosta e poder desistir de coisas que não significam nada ou que trazem frustrações.
O grande desafio de hoje é criarmos nossos filhos para serem felizes, mas mais que isso para serem generosos, tolerantes, humildes. Não crie um medalhista prepotente candidato à depressão aos 14 anos de idade.
E lembre-se: a felicidade dele é dele, uma conquista pessoal que vem de muita busca... do jeito dele e não do seu jeito. Simples assim.

Fernanda Bega.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

TUDO






Por tudo que sei tornei-me melhor.
Por tudo que vi e o que aprendi
não posso dizer que cheguei ao fim;
não posso dizer que cheguei a nada.

Cheguei aqui neste momento rápido de certeza,
efêmero e sorrateiro.
Hoje estou inteira,
hoje estou calada.

O silêncio me faz melhor
até a palavra-pensamento é susurrada.
Não cheguei ao fim,
não cheguei a nada.

Dádivas, coisas que me ensinaram
Vitórias, as que busquei saber.
Tudo que não sei ainda ambiciono,
Tudo que serei um dia é sonho.

Não cheguei ao fim,
não cheguei a nada...
Mas, neste momento, o mundo me tem inteira.
A vida me tem calada.




Fernanda Bega.

domingo, 19 de agosto de 2012

A vida não deve ser uma sequência de dias iguais e sem graça



As relações humanas dependem de um difícil equilíbrio para darem certo. É preciso dosar muito bem coisas como presença e ausência, falar e ouvir, avançar fronteiras ou permanecer a uma distância segura, enfim difícil demais e delicado porque pequenos erros geram grandes conseqüências.
É como estar numa gangorra, os pesos se equilibram e as duas pessoas se divertem, mas se uma pesa mais e se importa menos com a diversão do outro do que com seu poder, a outra pessoa fica presa no alto, num misto de medo e ansiedade, dependendo de um gesto de solidariedade que a impulsione de volta à brincadeira ou à segurança do chão sob os pés.
Isso acontece com amigos, irmãos, pais e filhos, num namoro ou casamento... você tem que estar ali presente de verdade, inteiro, tem que olhar pro outro, escutá-lo, às vezes só pegar na mão e ficar quieto.
Basta um mês deixando pra lá, tocando a vida como uma sequência de dias iguais e sem graça para colocar em risco toda uma história de amor ou amizade! Não deixe os dias se amontoarem feito roupa suja num canto, sem um único gesto que traga alegria para você ou os outros!
Eu gosto de elogio e carinho, gosto de toque, de abraço e beijo. Gosto de riso alto, de surpresas e de que adivinhem meus pensamentos. Gosto de ser amada porque sempre fui muito amada! Faço, então, para os outros o que gostaria que fizessem por mim. Mesmo agindo assim, cometo erros: falo demais, às vezes, ouço de menos... Também me distraio com as ocupações intermináveis da vida que só sobrecarregam e tomam nosso precioso tempo.
Tempo, tempo, tempo, tempo... já dizia Caetano. O tempo não é um detalhe, ele é soberano. Mas os detalhes são tudo numa relação e custam pouco. Pouco tempo, pouco esforço. Um olhar, um sorriso, um elogio rápido e sincero. Todos precisam, todos querem. Poucos sabem dar!


Fernanda Bega

terça-feira, 31 de julho de 2012

Reflexão de hoje sobre o Meu Deus interior

Quando a gente vê um religioso que vive no alto de uma montanha, que jejua, faz penitência, cultiva o silêncio, faz voto de pobreza e castidade ou qualquer outro sinal externo de fé a gente acha incrível, admira. Mas quando a sua religião te pede apenas pra amar e respeitar o próximo, ser fiel nas relações, praticar a bondade e a caridade, não escandalizar os pequeninos e honrar pai e mãe, aí você acha fácil demais e sem “glamour”, né? Você diz: isso tudo eu faço. Será?
Será que é mais difícil ficar isolado no alto de uma montanha sem comer do que ser fiel por toda uma vida ao seu esposo ou esposa ou do que aceitar e criar com amor e dedicação os filhos que Deus te confiou? Será que é mais difícil usar túnica branca, ficar em silêncio, comer gafanhoto do que honrar e cuidar de se seu pai e sua mãe na velhice ainda que estejam debilitados, rabugentos ou sem o uso perfeito da razão?
Na verdade, a pergunta é a religião precisa ser esquisita, causar estranhamento, desconforto ou provações pessoais; a religião é algo que se ostenta e que te adiciona vaidade pessoal ou, como diz a Bíblia, que a mão esquerda não saiba o que faz a sua direita??
A religião é afinal algo de outro mundo que não se encaixa com a vida neste planeta, nesta dimensão?
Não vai aqui, absolutamente, nenhuma crítica a culturas ou religiões de outros povos; as pessoas aprendem suas crenças de seus pais e avós, de seus antepassados. A liberdade e diversidade de credo são conquistas de um mundo mais justo e fraterno e esta idéia é fundamental para a paz que nós tanto desejamos. Sou a primeira a aplaudir esta diversidade .
O que eu queria dizer hoje, sem sub-texto, literalmente, é para que tragam Deus para dentro de suas vidas; na sua casa, no trabalho, no lazer. Tragam-no para dentro de seu coração. Não O deixem lá num ou dois dias isolados da semana, num templo ou culto determinado. Seja você o templo e suas atitudes sejam o culto de louvor a Deus. Assim é que você e eu faremos a diferença, com ou sem idumentárias com ou sem privações e proibições. Caso você queira oferecer a Deus o seu jejum ou a sua castidade, as suas orações ou os seus dias ninguém mais precisa saber, não é mesmo? Porque se você tiver o reconhecimento de toda a sociedade, não terá mais o reconhecimento de Deus.
E se parece assim tão simples ser somente bom e justo, então porque o mundo atual está tão assolado de maldades?

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Oração sobre a minha contraditória condição humana

Senhor, eu sou tua criatura. Sou tua, Senhor.
Sou frágil fisicamente. Sou frágil emocionalmente e espiritualmente. Tento melhorar todos os dias, me fortalecer cuidando do corpo e da mente. Tento fortalecer meu espírito, Senhor.
Mas é difícil demais ver as maldades de que o ser humano é capaz nos noticiários, ter decepções constantes com pessoas , lidar com a falta de caráter nos negócios, presenciar traições inomináveis no cotidiano de pessoas próximas ... Vai nos dando um medo de viver, de arriscar, de sair, de confiar. Eu acho mesmo que o medo é a própria velhice!
Ah, Senhor livra-me do medo.
Sou medianamente inteligente , as coisas que sei são infinitamente poucas diante das que desconheço e diante das que jamais chegarei a saber, embora faça questão de aprender continuamente. Vejo invenções tecnológicas, médicas, científicas e admiro demais meu semelhantes por tudo isso. Penso por que não sou tão inteligente assim?
Ah, Senhor, livra-me da inveja.
Meus 51 anos foram suficientes para me mostrar o quanto não sei da vida e o tempo que resta parece insuficiente para que eu aprenda tudo o que gostaria de saber. Enfim, Senhor, agradeço pela vida que tive ao lado dos meus pais e irmãos; agradeço ter crescido e me apaixonado; agradeço ter construído uma família e ter dado um norte para os meus filhos... Agradeço o oásis que é, na vida, poder ter netos e vê-los crescer!
Ah, Senhor, livra-me da ingratidão.
E, Senhor, quando eu estiver diante de Vós irei agradecer de novo e pedir-vos perdão por ter tido uma vida tão normal sem grandes obras, sem chegar a adquirir um milésimo do conhecimento que a humanidade já disponibilizou para a minha geração e sem deixar uma herança qualquer que seja significativa...
Ah, Senhor, livra-me da falta de amor próprio que em síntese é também uma ingratidão Contigo. Sou assim tal como o Senhor Deus me criou: frágil, medrosa, pouco inteligente mas infinitamente amorosa e amo infinitamente a todos que me rodeiam porque para isso fui criada, amém!
Fernanda Bega

terça-feira, 17 de abril de 2012

A receita do amor é não ter receita

Eu vejo tantas teorias e receitas para um bom relacionamento homem x mulher, mas, na minha opinião, todas elas esbarram no amor. O amor não segue receitas. Ele é único e raro. Quando apenas uma pessoa da relação ama, a relação está destinada ao fracasso. Você pode fazer concessões, mimos, carinhos, usar de toda sua sedução que nada vai funcionar... apenas te trará sofrimento tentar aprisionar o que não quer ser aprisionado.
Mas quando as duas pessoas se amam, pronto. Tudo se resolve. Podem ter uma relação louca com ou sem brigas; podem trabalhar juntos 24hs por dia ou se encontrar apenas uma vez por mês. Podem fazer sexo diariamente ou apenas no dia em que os dois se olham e se querem muito. A verdade é que, neste caso, sem receitas ou teorias, o amor decifra os caminhos, fortalece a amizade, cria a admiração, inventa as afinidades, desperta o desejo, rejuvenesce o físico, restaura o espírito, enleva a alma e solidifica a única verdade que conta: o amor entre um homem e uma mulher é um sentimento de mão dupla.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Histórias da vovó sobre o papai do céu

Há muito tempo atrás, Deus, o seu papai lá do céu, resolveu que ia nascer aqui no nosso planeta como nascem todas as criancinhas para ver como é ser uma pessoa igual a gente. Ele escolheu uma mamãe, um papai e veio pro nosso mundo.
Aqui, ele chorou, riu, brincou e cresceu. Aprendeu a andar e a falar a língua de seus pais. Aprendeu a comer o que se comia na sua região de origem, a trabalhar no ofício do seu pai e a respeitar as leis dos homens e a religião da sua terra. Ele mostrou que veio para aprender primeiro (e aí já estava ensinando pra gente a importância da obediência, do respeito, da aceitação e da paciência).
Ele cresceu e enquanto crescia se destacava em beleza e inteligência. Quando falava, as pessoas o ouviam como quem ouve música, com admiração e alegria porque ele escolhia as palavras em seu coração e elas soavam pras pessoas como presentes bem embalados!
Em tão pouco tempo de vida, este homem que se chamou Jesus admirou-se com nossas emoções e as dificuldades de cada dia. Os amigos que ele fez eram muitos e sinceros e Deus, que criou todas as coisas e todos os seres, viu grandes qualidades nos homens e mulheres que criou!
Tudo que Ele disse e fez se espalhou e brotou; floresceu e frutificou. Mas um dia, os homens que governavam o mundo se incomodaram com a existência de Deus no meio da gente... Tiveram ciúmes de sua beleza, alegria, inteligência, coragem e sabedoria; muito ciúmes. E por causa desse ciúme, dessa inveja, prenderam e mandaram matar Jesus. Mandaram matar Aquele Jesus que tanto gostou de ser gente como a gente. É claro que Deus podia ter ido embora com todo o seu poder sem passar por tudo o que passou... mas Ele pensou que ter sido formado numa barriga tão acolhedora, ter tido uma mamãe e um papai tão queridos que lhe ensinaram todas as coisas deste mundo e ter feitos tantos amigos valia a pena qualquer sacrifício. E se tinha vindo pro nosso planeta para ver de verdade como era a nossa vida, tinha que ir até o fim e ver como era morrer também...
Jesus morreu , mas como era ao mesmo tempo homem e Deus, voltou a viver e foi para o reino dos céus continuar cuidando da gente, mas deste tempo em diante Ele já sabia bem como as pessoas sentem dor, choram, ficam doentes e como umas cuidam das outras , se amam e riem juntas... Ele sabia principalmente como brincam felizes as crianças sabendo que papai e mamãe estão sempre ali para cuidar delas!


Vovó Fernanda.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

JORNADA COM O MIGUEL Todas as manhãs, a gente pega a mãozinha do meu netinho Miguel e sai para uma volta no quarteirão do bairro. Ele sobe nos degraus, corre atrás das pombinhas, cumprimenta as pessoas, mexe com os cachorros, se encanta com os caminhões enormes e se assusta com o barulho das motos... Eu e a mãe dele vamos devagar e observando. Paramos no semáforo para atravessar e ele aperta o botão do sinal de pedestre e fica olhando o homenzinho verde se acender como a mãe dele alerta que deve ser. Então, paramos na loja de brinquedos e ele fica maravilhado, fala pelos cotovelos reconhecendo os personagens dos filmes e desenhos, aperta botões, imita os ruídos e grita: _ Olha, mãe! Olha, vovó! A gente sai desta loja e segue mais um pouco a pé... paramos na papelaria, onde tem mais brinquedos e livros, e revistas e lápis coloridos. Tudo merece a atenção dele e sua curiosidade. Na maioria das vezes, nem compramos nada ou compramos uma revistinha, uns lápis de cera, não importa mesmo. Ele volta feliz. Fazemos o curto caminho de volta com a mesma atenção aos detalhes e esse pequeno passeio vira uma grande jornada. Quando chegamos na porta da empresa em que trabalhamos, ele grita de alegria: cheguei! (parece que saímos há anos). E quer apertar o botão do interfone e sobe a escada contando os degraus. Eu aprendo muitas coisas todos os dias com ele. Fico pensando na nossa desatenção a tudo; porque o nosso olhar muda tanto? Tudo bem que nada mais é novidade na vida adulta... mas acredito que no momento em que você deixa de “olhar” para a vida, você começa a deixar de aprender e isso é sério. A gente não se encanta, não se assusta, não observa, não memoriza... a gente perde a curiosidade. Este exercício quase diário com o Miguelzinho me desperta para a importância de viver com atenção e curiosidade. Esta é a lição número um. Lição número dois: não é preciso comprar nada para fazer uma criança feliz... absolutamente nada. O que damos pra ele é um pouco do nosso tempo, atenção, carinho e cuidado. O que ele dá pra nós é uma aula de como ser feliz. vovó Fernanda