sexta-feira, 31 de julho de 2015

Não será a mesma coisa, mas será algo


Quando as pessoas se reconciliam, quer seja um casal, amigos ou parentes , os outros costumam dizer que a relação “nunca mais será a mesma”... essa expressão é fortemente carregada de sentidos e até procede. Mágoas se perdoam, mas não são esquecidas. A verdade é que se a relação não será a mesma, será outra.
Mil possibilidades se abrem quando você renova um relacionamento com foco no perdão mútuo e aceitação do outro e como diz o sábio filósofo Projota:
o ser humano é falho
hoje mesmo eu falhei
ninguém nasce sabendo
então me deixe tentar.
Claro que se é fato que a relação não será a mesma, também é fato que será diferente e pode ser do jeito que vocês a construírem, sem os erros do passado. O que conta é o amor, o carinho e o sincero propósito de fazer melhor. E, lembrem-se, outra relação é melhor que relação nenhuma ou nada. Invista no amor e na amizade, sempre haverá alegria nisso.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Mais histórias sobre a Dona Leny


Meu pai tinha um funcionário que era da doutrina espírita e tinha por hábito distribuir presentes e cestas de natal aos pobres, pedindo doações em grandes lojas e mercados ou até de pessoas físicas caridosas. Nos anos 80, não sei bem a data, mamãe combinou uma parceria com ele e começou a cadastrar as famílias necessitadas em nossa região. Muitos estranharam pelo fato dela estar ajudando uma ação espírita, sendo ela tão atuante e engajada na comunidade católica, mas nem para ela, nem para ele, isso fazia diferença. O que importava era de verdade o natal farto e feliz que podiam proporcionar para aquelas pessoas.
Chegando próximo ao natal, minha casa ficava lotada de bolas, bonecas, carrinhos e produtos alimentícios e nós ajudávamos, pouco eu confesso, a separar por família o tipo e a quantidade de brinquedos e alimentos. Depois, os que moravam perto vinham buscar em nossa porta e os mais distantes e com dificuldade de locomoção, nós mesmos íamos entregar ou o funcionário do meu pai. Pura alegria. Minha mãe não ficava cansada, ficava feliz!
Nenhum dos dois estava divulgando o Centro ou a Igreja, mas a solidariedade. Não ia junto com as cestas o nome da instituição e sim um cartão de Feliz Natal. Nenhum dos dois tinha tempo para ficar discutindo as divergências de dogmas religiosos e cada um continuou professando a sua fé, em particular. Tenho certeza, no entanto, que Deus olhou para os dois com carinho... Não me recordo o nome daquele funcionário do papai, mas Deus sabe bem.
Entre os mais jovens da família, do bairro, da sociedade enfim , minha mãe pode ser apenas uma velhinha que pouco sai de casa, inativa e dependente.
Para mim, ela é um exemplo de força, doação e desapego material. Das dores da velhice, a pior delas não é a perda da memória do idoso, mas a perda da memória de muitas pessoas que se esquecem tudo o que o idoso fez de bom e útil pela vida afora.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Sobre ter netos...

Sobre ter netos...
Algumas vezes, depois que meus filhos cresceram e começaram a alçar seus voos mais distantes, eu sentia uma nostalgia e uma certeza que, no fundo, eram tristes. A idéia de que os melhores anos da minha vida já tinham realmente passado e que nada que viesse pela frente, nenhuma alegria que a vida reservasse poderia se comparar aos anos da infância dos meus filhos.
Foi então que tive netos.
E os netos são uma alegria indescritível e um bônus da vida; é como se Deus me dissesse, num decreto : tu criaste os filhos que te confiei com todo o zelo e responsabilidades necessários, muitas vezes mal tendo tempo de sorrir com eles... pois, com seus netos, poderás sorrir e amar sem o peso da total responsabilidade por sua educação e formação. Serás feliz novamente, por merecimento.
Obrigada, Senhor, esta vida é uma aventura imperdível!


Fernanda Bega

quinta-feira, 16 de julho de 2015

VIVO, LOGO MORREREI


Pelo que leio hoje em dia, a carne vermelha mata, o leite e seus derivados matam, a farinha de trigo mata, o açúcar mata, o sal mata, as gorduras matam, os refrigerantes matam, enfim tudo o que se comia e que sempre se comeu em nossas famílias, calma e tranquilamente, hoje mata.
Triste isso. As pessoas se comprazem em te dizer que o que você usa para alimentar seu corpo é ruim, mortal e venenoso.
Na minha humilde opinião, o que realmente mata são os excessos, as compulsões, os vícios por assim dizer. O que mata é carne demais, gordura demais, inveja demais, rancor demais. Assim como alface demais e ovo e café; remédios e chá demais. Até sexo demais acho que mata! Mais curioso ainda é que ninguém fala do álcool, ninguém. Álcool demais, para todos em todo lugar todo o tempo... Esse assassino que muito antes de matar o usuário, mata os relacionamentos, as famílias.
Sempre é conveniente lembrar que o mal não é o que entra pela boca, mas o que sai dela. As palavras rancorosas, as ofensas ditas de boca cheia que atingem as maiores fragilidades das pessoas. Vocês, que usam sua sagacidade e inteligência, tão graciosamente recebidas de Deus para proferir palavras e julgamentos que magoam os mais frágeis, os mais igênuos, os idosos e crianças, os puros de coração.
Aí está o mal. Aquilo que nos mata é o desamor, a prepotência e arrogância, a certeza de ser melhor e mais sábio que todos os outros seres viventes neste planetinha azul. Isso, com certeza, nos matará muito mais rápido que as impurezas que talvez nós consumamos como partícipes da cadeia alimentar que todos somos.
O alimento espiritual : a boa leitura, a boa música, o bom conselho. Até um bom jejum ou abstinência, vez ou outra. Um diálogo proveitoso. O estudo da fé, da sociologia, da filosofia e das religiões... o culto ao silêncio, às orações e à caridade, estes sim alimentos que posso garantir sejam saudáveis para qualquer pessoa, de qualquer idade, cultura ou região do mundo em que viva. Com nossos espíritos fortalecidos acredito que não veremos acréscimo algum em maldizer ninguém e nem os seus hábitos ou costumes , ao contrário nos sentiremos felizes em desejar que todos sejam plenamente saudáveis e plenamente saciados em suas necessidades fisiológicas e espirituais e que busquem para si, dentro dos seus valores, o melhor amor, o melhor amigo, o melhor alimento e a melhor das vidas.

(Como sempre diz o meu marido, repetindo um autor famoso, o importante não é como se morre e sim como se vive).



FERNANDA BEGA.