sexta-feira, 24 de setembro de 2010


Intimidade
Intimidade não é o último segredo trocado que acaba com o encanto do outro
Não é a banalidade tomando conta das conversas, não...
Não é olhar pro outro sem o ver,
Nem vulgarizar a individualidade do ser.
Antes, intimidade é uma doce conquista
Doce troca de segredos que se renovam
Porque a gente cresce, acrescenta, vive e se transforma.
Você sabe, amor, o que é...
É prever o fim da piada,
É rir de uma graça secreta que ninguém mais pode saber.
Intimidade é partilhar o "impartilhável":
Varar a noite conversando sem esgotar os assuntos;
É varar a noite se amando sem esgotar o amor
Completar o pensamento do outro sem julgá-lo previsível.
Vibrar na mesma freqüência, fazer amor com humor e novidade,
Com carinho e doação. Sem pudor, sem planejamento...
Amar em pleno dia e esquecer o mundo.
Amar do nosso jeito porque o nosso jeito é único!
Hoje eu sei que posso ter outra paixão- paixões e ilusões permeiam nossas vidas,
Mas o tesouro de nós dois feito de tempo, muito tempo, é único.
O tesouro de nós dois feito de confiança e de conversa,
Feito de entrega e solidariedade,
De segredos e mais segredos
De graça e mais graça
De amor e amor e mais amor
De lágrimas tão só nossas...
O tesouro de nós dois feito de confundir-me tantas vezes com você
E de voltar a ser eu com saudade...
Esse chama-se intimidade, amor, e é maior porque o dividimos;
É o presente que a sua existência me deu.



Fernanda Bega.
Escrito para meu marido em setembro de 97, com toda verdade.