sexta-feira, 21 de junho de 2013

O POVO TÁ NA RUA NA CHUVA NA FAZENDA!

Já ouvi teorias de conspiração do pessoal de direita e outras do pessoal de esquerdas, vídeos secretos onde quem fala nem mostra a própria cara... Tudo nebuloso, tudo duvidoso. Até que a própria Dilma elaborou toda essa confusão para que a Copa fosse cancelada não pela falta de infra-estrutura do Brasil mas pela falta de segurança do país, repentinamente, aff.
Para mim, o que vi ontem no Rio, em Porto Alegre com chuva, em S. Paulo, em Brasília, enfim por todo esse país continental foi mesmo o povo na rua. Com infiltrações? Certamente.
Com bandidos? Certamente, eles vivem no meio de nós 365 dias do ano e sem polícia para nos proteger!
Mas a verdade é uma só: se o povo brasileiro não estivesse tão profundamente abandonado, desolado, desvalido e infeliz não iriam para a rua na proporção que foram. Não mesmo.
E estamos democraticamente infelizes. Até os ricos sentem-se traídos,
injustiçados, sem segurança para usufruir de suas fortunas, de seu conforto, de suas viagens... A classe média que se contentava em pagar com dificuldade a escola de seus filhos e um plano de saúde, como pode se contentar se a escola é cara e ruim e os planos de saúde excluem os hospitais de ponta, os médicos de ponta e distribuem narizes de palhaço para os seus bons pagantes?! Estamos muito infelizes com o descaso e a impunidade. Nós somos multados a cada esquina, levamos nosso carro pro Controlar que ninguém sabe a quem pertence, por que foi escolhido e pelo que pagamos. Sonhamos em comprar um imóvel popular e o IPTU é o único item alto padrão que você leva com seu imóvel. Vemos os pobres por todos os lados, morando nas ruas, pedindo esmolas nos faróis e temos medo de que entre eles, pobres apenas, estejam ladrões também. Claro, como estão ambos representados nas passeatas também. Criamos muros, grades, alarmes e somos tão pobres quanto eles porque não podemos sonhar além da escola e do plano de saúde, quando muito um carro popular, o mais caro do mundo!!

Governantes, se vocês estão assustados com o rumo dessa revolta, façam alguma coisa urgente! Governem pelo povo e para o povo. Justifiquem seus salários e seus mandatos, legalmente obtidos. Acordem vocês desse sonho de poder que os tornou insensíveis a ponto de não ver um palmo adiante de seus próprios narizes. Dilma, Alckmin, Haddad, governadores e prefeitos, vereadores, senadores e deputados, acordem com presteza e peçam desculpas à população com ações concretas porque aqui não tem Bastilha mas pode ter Queda!

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A democracia inclui o direito de discordar

Quando eu estava no primeiro ano da faculdade e isso foi em outra era, as Faculdades Integradas Alcântara Machado tinham a péssima prática de não enviar folha de prova para os alunos que estivessem em atraso com as mensalidades. Era uma faculdade paga e bem paga. Muitos de nós, alunos de escola pública, só estávamos ali porque entrar na USP era pros ricos que tinham cursado bons colégios. Claro que também tinham os alunos ricos, mas a maioria não tinha certeza se conseguiria pagar o curso todo ou o próximo mês.
O pessoal do Centro Acadêmico caía matando sobre essa prática que expunha o aluno em débito de forma humilhante. Propuseram, então, que todos nos negássemos a usar a folha de prova oficial e personalizada se não viessem provas para todos. No dia da prova, todos empurramos a folha personalizada e pegamos folhas de caderno comum e fizemos nossas provas. Era uma prova de Filosofia. A classe toda tirou zero de média nessa matéria.
Nós tínhamos 17, 18 anos. Muitas meninas, como eu, vinham de um colégio onde quase chamavam as professoras de “tia” ainda. Éramos crianças crescidas e ninguém teria condições pessoais de não participar da proposta do Centro Acadêmico, imagina diante do amigo devedor como ficaria sua imagem? Digo isso porque os jovens, muito jovens são assim. Cheios de energia, de coragem, de bons propósitos!
Este ato foi até uma coisa bem simpática e o motivo era bastante justo. O que eu questiono é aquela menina que eu fui e minhas colegas de sala tiveram a opção de não participar ou fomos coagidas como num piquete?
Hoje, eu diria escolha as suas causas e lute por elas. Causas justas, coletivas, mas não se deixem comandar como um bom rebanho porque rebanho não pensa.
Ah, em tempo, a faculdade não mudou a prática de humilhar o aluno devedor. Meu zero justamente em Filosofia foi emblemático e único em todo meu currículo.
Sou totalmente pacifista. Adepta da não-violência... Não quero jogar pedra, nem receber pedrada. Claro que o argumento geral é de que não se muda nada pacificamente.
Não foi isso que o Gandhi ensinou ao mundo, né?
Apesar de não estar nas ruas, rezo por todos que sabem exatamente pelo que estão protestando e que vão pro protesto com suas próprias pernas e pensamentos. Verdade é que o ser humano, em toda sua história, foi manobrado muitas vezes. Muitas mesmo.