segunda-feira, 11 de julho de 2011

Ser feliz dá trabalho

Vejo as pessoas perdendo todas as oportunidades de felicidade que a vida lhes dá por medo. Medo de se envolver, de se comprometer... de ser “eternamente responsável por aquilo que cativam” como dizia o pequeno príncipe.
Vivemos uma cultura das futilidades e as pessoas gastam muito tempo sendo fúteis e a vida se esvaindo por entre seus dedos. Encontro jovens de 20 e poucos anos mais acabados do que eu nos meus 50, com olheiras, rugas e marcas profundas da tristeza que vivem. Idolatram a diversão, que eu chamo de distração... vivem distraídos da vida, do que realmente importa nesta vida. Chamam de amigos a qualquer um que passe mais de 20 minutos com eles se divertindo. Tem muito mais gente conversando com a bola de futebol chamada Wilson (como diz o Eduardo) do que pode imaginar a nossa mente. Mas isso é falta de “compromisso” porque ser amigo de verdade dá trabalho... Ser amada-amante companheira também dá trabalho. Eu sinto muito informar mas acho importante dizer que ser feliz dá muito trabalho, muito mesmo.
As pessoas estão com medo até de ter animais de estimação. De cultivar plantinhas, até um cactus precisa ser aguado uma vez por mês.
Eu tenho marcas de expressão, tenho olheiras, dores no corpo mas quando me divirto é real, ouço boa música, canto alto, danço com meus netos... escrevo e leio poesias, conto piadas, como sem restrições, tenho altos papos com meus filhos, adoro sair com meu marido ou ficar em casa com ele. Não compro tudo que quero ou vejo mas quando escolho um presente, penso na pessoa que vai recebê-lo, penso na embalagem, na cor do papel, nas palavras do cartão... minha energia vai impressa em cada gesto até o estender a mão para presentear; dá trabalho ser amigo, ser amor.
Disseram tanto para as mulheres serem iguais aos homens e aos homens para tratarem as mulheres como iguais que hoje proliferam homens e mulheres que não são capazes de viver sozinhos muito menos juntos... Não têm, ambos, a menor idéia do que é cuidar de uma casa e cuidarem-se, mutuamente.
A velha fórmula homem provedor x mulher dona de casa gerou muitos erros, é verdade. Mas se ser igual ao homem é imitá-lo em tudo o que eles tinham de pior, as mulheres conseguiram isso: elas bebem em público, pagam mico embriagadas, falam palavrões, relacionam-se superficialmente e sem afeto e fingem que pagam as contas de suas vidas sozinhas... Na hora que ambos, homem e mulher, voltam pra casa aí o bicho pega...
Quem está nos bastidores da sua vida? Quem faz a infra pra você viver na proclamada independência? Pai, mãe, empregada, tia velha? Não importa, todos precisamos uns dos outros, de apoio, de ajuda, de dividir as contas, as tarefas, de somar esforços e de multiplicar as alegrias. Nestes tempos de politicamente corretos, sei que esse texto é totalmente incorreto... dirão que nada tenho a ver com a vida alheia e com juízos de valores que são pessoais e intransferíveis. Concordo. Mas, ao contrário do que parece ser, esta reflexão não é de antipatia ou inconformismo com os novos tempos, não. É apenas a constatação de que a infelicidade é irmã do egoísmo, da preguiça, da futilidade e do culto à diversão ...e eu vejo a infelicidade de muitas pessoas por trás dos risos e das sacolas de compras sem fim. Quem dera eu tivesse o poder de incutir alegria nessas vidas. Mostrar o quanto é gratificante o envolvimento, o afeto verdadeiro, o servir ao outro , ainda que seja nos bastidores da vida, na chamada área de serviço. É a melhor das sensações ser realmente útil ,sentir-se indispensável sem a prepotência de acreditar nisso... Não é a gratidão dos outros que vai te fazer feliz ... é o bem em si que vai te preencher com enorme alegria.

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